Salve, vikings e
medievalistas!
No último final de
semana rolou a quinta edição do Old Norse, e como sempre estou aqui
pra contar como foi e dar minha opinião sobre o evento.
Dessa vez aconteceu na
cidade Maricá, a pouco mais de uma hora de viagem do Rio de Janeiro.
Para quem estava disposto e preparado para acampar, o evento começou
na sexta à noite (dia 19) e foi até domingo à tarde (dia 21), mas era possível também curtir o evento só no sábado ou só no domingo.
Uma observação, pra
começar: o Old Norse é um evento com a proposta de contar uma
história, a Saga Old Norse, com personagens que interagem com o
público e uma linha narrativa interativa, em que as pessoas presentes no evento ajudam a moldar os acontecimentos. E eu, Skald, há dois
anos estou ajudando os organizadores a escreverem essa história. Mas
apesar desse meu envolvimento com o evento, minha resenha é
desvinculada e imparcial.
Dito isso, posso afirmar
também que o Old Norse é um dos meus eventos favoritos no meio
medieval pela imersão que ele proporciona.
Desde a primeira edição,
o evento tem um grande destaque em sua proposta de reunir em um só
local os grupos de recriacionismo viking do país. O recriacionismo
vem crescendo no país há mais de dez anos, mas no início isso
acontecia com cada grupo fazendo suas atividades de forma mais ou
menos isolada, muito distantes uns dos outros. Com o Old Norse,
surgiu um espaço específico para reunião dos grupos de
recriacionismo.
Olhar o campo cheio de
tendas históricas, cada uma com seu campfire cozinhando algo
diferente, e dezenas de recriacionistas com suas roupas e
caracterizações históricas, é uma parada sem preço. Neste ano
estiveram presentes os grupos Haglaz (RJ), Antigas Serpentes (RJ),
Myrrox (RJ), Yggdrasil (RJ), Nýr Vindr (SP), Lobos de Guerra (SP), Alaisiagae (SP) e
Magnus Legio (SP). Legal mencionar também os artesãos que produzem
artigos voltados para o público recriacionista, todos presentes no
evento: Hjörvarðr (SP), Velho Musgo (SP), Skaldland (RJ), Mästermyr Marcenaria (RJ) e Viking Trindade (RJ).
Vinicius Arruda, dono da Hjörvarðr, forjando ao vivo |
Artesanatos da Skaldland |
Fabricação de beads com a Luisa, do Velho Musgo |
Marcelo, da Mastermyr Marcenaria |
E tem mais grupo ainda
espalhados pelo país – um dia, quem sabe, todos vão estar
presentes em um mesmo evento. Cada grupo tem suas atividades em sua
cidade de origem, mas quando essa galera se junta a experiência é
outra. Você pode andar pelo evento compartilhando histórias e
experiências, provando seja lá o que esteja cozinhando em cada um
dos campfires e, se você curte luta, pode participar das batalhas
que sempre rolam (o interesse pela recriação da luta viking é,
inclusive, um dos elementos que mais atrai gente nova para a prática
do recriacionismo).
Pelo que eu me lembro, a
terceira edição do Old Norse (em 2017) foi a primeira vez que
conseguimos fazer uma batalha entre duas paredes de escudo
razoavelmente grandes, o que é uma parada bem épica, e essa é uma
experiência que se repete no evento desde então.
Cores misturadas na parede de escudos: coisa bonita de se ver |
E eu pessoalmente sempre
acho fantástico ver as paredes de escudos com as cores de diferentes
grupos misturadas, pois isso representa o aspecto mais legal do
evento, que é a reunião da galera recriacionista num único lugar.
Explicação sobre como é feita a recriação histórica da luta viking |
E além do
recriacionismo, havia outras atrações pelo evento. A feira, como
sempre, contava com expositores de artesanato, comida e hidromel. No
último dia (domingo) houve lutas de HMB, o que foge um pouco da
proposta do recriacionismo viking mas é sempre legal de se ver. E, é claro, a arena para arquearia e arremesso de machados e lanças, um dos lugares mais divertidos do evento.
Havia músicos fazendo
apresentações, dos quais destacamos a banda Oaklore, o trovador
Henrique Cavalcanti e os músicos da tenda Mistérios do Oriente. No
resto do tempo, o evento fornecia som ambiente de música folk.
Finalmente, essencial
mencionar que quem esteve presente pode acompanhar os acontecimetos
de mais um capítulo da Saga Old Norse, que é contada a cada edição:
Uffe, filho de Knut, aclamado rei no ano passado, fez sua primeira
expedição para o oeste, e agora retorna com espólios mas também
com um sacerdote cristão, o que não é lá muito bem aceito pelo
povo do norte.
Se você esteve por lá,
sabe qual foi o desfecho. E se não esteve, vai precisar esperar a
versão escrita do capítulo, que vamos públicar aqui no Cena
Medieval.
O local do evento esse
ano mudou. Nos últimos dois anos havia acontecido num espaço de
camping na cidade de Guapimirim/RJ; este ano mudou para um sítio na
cidade de Maricá/RJ. Embora o novo local também seja bom, eu
pessoalmente gostava mais do anterior. O fato de o evento acontecer
no meio da mata colaborava muito com a imersão, além de
proporcionar um clima bem mais fresco. Neste ano tudo aconteceu num
espaço aberto, praticamente sem árvores, e passamos um belo calor
durante o dia.
Outra coisa que mudou é
a alimentação: até o ano passado, a comida estava toda incluída
no valor do ingresso, e o visitante precisava pagar apenas pelo que
bebesse. Neste ano, o ingresso passou a incluir apenas o direito de
entrada e acampamento no evento, devendo o visitante trazer sua
comida ou comprá-la com os expositores. O valor do ingresso neste
ano variou entre 140 e 160 reais, dependendo do lote.
Enfim, a proposta do
evento mudou ligeiramente com todos esses detalhes, mas o Old Norse
continua sendo o responsável por proporcionar a reunião dos grupos
de recriacionismo viking do país, o que é um mérito enorme.
Enquanto continuar com essa proposta, vai ser sempre algo único que
se diferencia dos demais eventos de temática medieval, a maoria dos
quais tem uma proposta mais genérica e portanto acabam sendo muito
parecidos entre si. Continuando nesse caminho, o Old Norse tem potencial para ser, no futuro, algo paredo com o Wolin, o festival de cultura viking e eslava que acontece anualmente na Polônia.
O Old Norse e a Oenach na
Tailtiu (também no RJ) são os únicos eventos atualmente com essa
proposta de acampamento e imersão, sendo que um é voltado para
cultura viking e outro para cultura celta. Na minha visão, enquanto
os eventos mais genéricos contribuem para trazer um público novo
para o meio, estes eventos de temática mais específica tem como
maior mérito dar uma “refinada” na experiência do público.
Obs.: gente, esse ano não
tem fotos da parte noturna do evento porque, quando a noite caíu, eu
decidi guardar câmera e começar a encher a cara de cerveja e
hidromel (como, aliás, a maior parte do pessoal tava fazendo, haha).
Mas podem crer que apesar da falta de imagens aqui na resenha, a
noite foi incrível também, com toda a música, dança, bebida e
comida em volta da fogueira.
Até a próxima! |
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