Fotos por Carla Lorentz
Salve, vikings e medievalistas!
Os medievalistas são um grupo cada vez maior no Brasil, e dentro desse grande grupo estão aqueles que estudam, valorizam e vivem, de certa forma, a antiga cultura nórdica, ou seja, a antiga cultura dos vikings.
E o que acontece se um casal de vikings modernos decide oficializar sua união da forma mais tradicional possível? E mais: e se a noiva for produtora de hidromel, um elemento tão importante da cultura nórdica?
Mais uma vez vamos falar de casório aqui no Cena Medieval. Este aconteceu no final de março, e fiquei feliz quando eles me procuraram para fazer um post sobre o casamento, compartilhando conosco um pouco dessa história.
O casal, Cintia Leite e Johann Gomig, é praticante dos ritos Ásatrú, que são a forma moderna mais comum de crença e adoração dos antigos deuses nórdicos, de modo que a cerimônia foi baseada nesses ritos, e o visual foi todo inspirado na antiga cultura nórdica, gerando um ambiente belíssimo e bem diferente dos casamentos tradicionais que estamos acostumados a frequentar.
Um casal unido pelo hidromel
O hidromel tem um papel importantíssimo na história desse casal.
O noivo, Johann, ganhou de um amigo uma garrafa de hidromel que estava guardada há um bom tempo. Esse amigo poderia ter consumido esse hidromel, mas aparentemente Freya queria que ele fosse tomado por Johann, pois era uma garrafa de hidromel Yggdrasill, e ele acabou virando cliente.
Numa degustação promovida pela marca, Johann conheceu os irmãos Henrique e Cintia, produtores do Yggdrasill, e a partir daí Johann e Cintia começaram um relacionamento. Tempos depois seria Henrique que entraria com ela na cerimônia, simbolicamente entregando a irmã ao novo cunhado.
Nós já falamos do Yggdrasill em nossa coluna de hidroméis – se você ficou curioso pra conhecer, dê uma olhada na nossa resenha!
Kostr, o casamento nórdico, e a cerimônia Ásatrú
Quando o casal decidiu oficializar o matrimônio, quiseram fazer algo que realmente os representasse. Johann já era seguidor dos ritos Ásatrú, participante do kindred Valkoinen Susia, e Cintia passou a ser também, de modo que o formato da cerimônia foi um verdadeiro Kostr, ou seja, um casamento nórdico.
E para que fosse um momento realmente único, eles decidiram que não apenas o formato da cerimônia, mas também o visual, deveria ser inspirado na antiga cultura viking, com vestimentas históricas e uma decoração temática.
Cintia entrou na cerimônia levada por seu irmão, Henrique, que junto com ela produz o hidromel Yggdrasill
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Ao contarem a ideia para pessoas da família, muitos se perguntaram como seria isso. No convite, o casal teve o cuidado de escrever uma carta explicando tudo e deixando em aberto para quem quisesse ir à cerimônia com as vestes históricas. Muitas pessoas aderiram e o resultado é essa bela festa que vocês podem ver nas fotos.
O ambiente, como os deuses antigos certamente aprovariam, foi ao ar livre, um bosque em São José dos Pinhais, próximo a Curitiba. A decoração com escudos e armas vikings foi preparada com ajuda do clã Skjaldborg, do qual Johann também faz parte.
A troca de aneis também era, provavelmente, um costume entre os nórdicos antigos |
A data escolhida pelo casal foi 24 de março, o equinócio de outono no hemisfério sul, um momento muito importante, pois dentro da cultura nórdica o outono é uma estação que conduz a muitas reflexões e introspecção, deixando ir o que tiver que ir e ficar o que tiver que ficar. Nos tempos antigos, era o momento da colheita do que foi plantado durante o ano, tanto literal quanto simbolicamente.
A cerimônia dentro do rito Ásatrú é curta, basicamente é feito o juramento do casal perante os deuses e os ancestrais, e é tomado o hidromel para selar esse juramento. Obviamente o hidromel teve um papel mais do que especial na cerimônia e na festa, já que não apenas é um elemento super tradicional da cultura nórdica, como também a noiva é produtora.
O hidromel vertido ao solo é uma adaptação, nos ritos Asatrú, para os sacrifícios que ocorreriam numa cerimônia nórdica antiga
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E no final da cerimônia, momento em que rolaria uma valsa num casamento mais tradicional, os noivos e seus convidados fizeram uma dança circular ao som da canção Federkleid, da banda alemã Faun, interpretada pelos músicos do Clan Mac Norse e cantada pelo pai do noivo.
Em vez de valsa, uma dança circular no meio do bosque! |
E pra não dizer que o casamento não teve nada de moderno, os noivos seguiram o costume de distribuir pequenos souvenirs entre os convidados. Mas em vez de sapato e gravata, eles cortaram a barba do noivo, que terminou a festa sem nada!
É interessante notar que as vestimentas nórdicas usadas são bem próximas dos modelos históricos, e os noivos aproveitaram pra mostrar que o visual e os costumes nórdicos ou vikings eram bem diferentes do que vemos nos seriados que estão na moda hoje em dia.
Aqui no post está apenas uma seleção de fotos, o álbum completo pode ser conferido no facebook.
Parabéns aos noivos, pela união e pela iniciativa de fazer algo tão diferente, único e culturalmente tão rico. Que mais casais possam se inspirar com esse exemplo!
Sköl!
Veja também aqui no Cena Medieval:
Old Norse: o Casamento, o conto sobre o casamento entre um celta e uma viking, que inaugura a Saga Old Norse
Yggdrasill, de Curitiba/PR, o hidromel de maio/2017 em nossa coluna de hidroméis
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