Salve,
medievalistas e apreciadores de hidromel!
Como
haviamos avisado que aconteceria, o último post de 2017 em nossa
coluna de hidroméis atrasou um pouco, mas aqui está ele! Este é o
décimo oitavo rótulo que experimentamos aqui para a coluna, e ele
fecha o segundo ano dessa nossa proposta de provar e avaliar um
hidromel brasileiro por mês.
Nosso
hidromel de dezembro é o Drakkar, de Maringá – PR!
Se você
acompanha o Cena Medieval há um tempo, sabe que no começo de 2017
nós elegemos o Melhor Hidromel Brasileiro de 2016 (veja aqui o post
com esse resultado), em duas categorias: Escolha da Redação, entre
os seis rótulos que experimentamos no primeiro ano da coluna, e
Escolha dos Leitores, entre dezenas de rótulos conhecidos no meio
medieval.
Este ano,
elegeremos apenas a Escolha da Redação, ou seja, o melhor rótulo,
em nossa opinião, dentre os 12 que experimentamos entre janeiro e
dezembro de 2017 (sendo que o Drakkar é o último a entrar para
concorrer nessa lista). Então acompanhem o site e a nossa página no
facebook, pois devemos fazer em breve o post do O Melhor Hidromel
Brasileiro de 2017!
E a
partir de 2018, a coluna de hidroméis será um pouco diferente. Ela
continuará existindo, mas não será mais mensal. Falarei mais sobre
isso num post próprio, mas de toda forma, este post é o último
nessa pegada de provar um hidromel brasileiro por mês.
O Hidromel Drakkar
Agora ao
que interessa: o Drakkar é produzido em Maringá desde 2015. Os
produtores contam que tudo começou com uma reunião de quatro amigos
apreciadores da cultura nórdica e medieval, o que dá pra perceber
já pelo nome do hidromel.
Os
vikings usavam diversos tipos de embarcações, que podem ser
genericamente classificadas pelo gênero longship –
a palavra expressa o conceito de um navio longo e estreito.
Algumas vezes, esses navios tinham suas proas decoradas com cabeças
de bestas, como dragões, por exemplo (a palavra dreki, em
nórdico antigo, significa dragão). A palavra Drakkar é uma criação
romântica do séc. XIX e, embora nunca tenha sido usada pelos
nórdicos antigos, acabou se tornando referência, na cultura
popular, para os navios usados pelos vikings.
Como já
mencionamos por aqui (veja nosso artigo sobre a história dohidromel), os nórdicos antigos foram possivelmente o povo que
produziu o hidromel da forma mais parecida com a que consumimos hoje,
motivo pelo qual tantas marcas hoje fazem referências a eles em seus
nomes e rótulos.
A experiência
Para
acompanhar o Drakkar, nada mais justo do que um alimento que não
apenas era consumido pelos vikings como também é considerado pelos
historiadores como um elemento essencial para que os nórdicos
exploradores tenham conseguido fazer suas longas viagens de barco: o
bacalhau.
Embora o
bacalhau seja um elemento essencial da culinária de Portugal e
países de colonização portuguesa, desde a Idade Média a maior
parte do bacalhau consumido no mundo vem de países como Noruega e
Islândia, pois o verdadeiro bacalhau habita as águas frias do
atlântico norte.
Estudiosos
da Era Viking consideram que o bacalhau (cod, em inglês) foi
essencial para as expedições nórdicas, pois ele passava pelo
processo de secagem nos ventos do norte, ficando duro, compacto e
facilmente preservável. Nos barcos vikings, era dividido em pedaços
para ser mastigado, como se fosse um biscoito de navio altamente
energético e proteico, e recebia em nórdico antigo o nome de skreið
(algo como "peixe afiado). Ainda hoje, em inglês, o bacalhau
seco é chamado de stockfish (algo como "peixe de
estoque").
Assamos
nosso bacalhau com manteiga e cozinhamos para acompanhar cenouras,
cebolas e rabanetes, legumes que também eram consumidos pelos
vikings.
A versão
do Drakkar que o produtor nos apresentou é a suave. Ao abrirmos a
garrafa, sentimos de cara o aroma forte e doce, característico do
mel fermentado.
Na taça,
tem uma boa apresentação, dourada e bem clarificada. Não apresenta
carbonatação ao ser servido. No paladar, o sabor doce do mel se faz
bem presente, fazendo apropriada a classificação como um hidromel
suave. A textura é levemente aveludada e é possível sentir muito
bem a presença do álcool, apesar de a graduação alcoóloca não
ser tão alta assim (11,7%, segundo o rótulo). O sabor doce bem
pronunciado domina a experiência, e ele desce quente como um licor.
Além
disso, há um elemento no gosto desse hidromel que tivemos
dificuldade de identificar, mas que sugere levemente o amadeirado de
bebidas envelhecidas em barris de madeira (ou o uso de chips de
madeira, para conferir o mesmo efeito). Mesmo que seja o caso, nosso
paladar não é apurado o suficiente para identificar o tipo da
madeira, mas os produtores talvez possam nos contar se houve algum
ingrediente que possa ter gerado essa impressão.
Por ser
um hidromel bem doce, consideramos que a versão suave do Drakkar
sirva melhor como uma bebida de sobremesa, e por descer quente, será
muito melhor apreciado num dia frio. Como o prato que preparamos era
bem salgado, houve uma certa dissonância, mas isso não atrapalhou
a apreciação do hidromel em si, que é bem gostoso. Recomendamos
que harmonizem com pratos mais suaves, ou talvez com queijos fortes,
para dar aquele efeito de queijo-com-doce, ou que consumam como
sobremesa, especialmente em dias frios. Futuramente, vamos querer
provar também a versão seca!
Dados técnicos
Os
produtores utilizam mel silvestre (ou seja, proveniente de variadas
floradas). A fermentação dura cerca de 3 meses e a maturação mais
4 a 5 meses. São utilizadas leveduras desidratadas próprias para
fabricação de hidromel e outros vinhos.
A
graduação alcoólica da variedade que experimentamos (suave) é de
11,7%.
A garrafa
(750ml) pode ser adquirida por R$ 40,00, entrando em contato pela
fanpage no facebook:
E você,
já experimentou o Drakkar? Nos conte o que achou!
Veja também os outros rótulos que já experimentamos nesta coluna:
Julho/2016 – Bee Gold, de Sorocaba/SP
Agosto/2016 – Velho Oeste, de Xanxerê/SC
Setembro/2016 – Alfheim, de Cachoeirinha/RS
Outubro/2016 – Ferroada, de Contagem/MG
Novembro/2016 – Hahn, de Dois Irmãos/RS
Dezembro/2016 – Triple Horn, de São Paulo/SP
Janeiro/2017 – Cervantes, de Maringá/PR
Fevereiro/2017 – OldPony, de Mogi-Guaçu/SP
Março/2017 – Corvo Caolho, de São Caetano do Sul/SP
Junho/2017 – Lord, de São Paulo/SP
Julho/2017 – Skald, do Rio de Janeiro/RJ
Agosto/2017 – Sea of Velho Mundo, do Rio de Janeiro/RJ
Setembro/2017 – Zamith, de Queluz/SP
Outubro/2017 – Gjallarhorn, de Mogi das Cruzes/SP
Novembro/2017 – Kalèvala, de Niterói/RJ
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