Salve,
medievalistas e apreciadores de hidromel!
Como de
costume, trazemos nossa resenha mensal de um hidromel brasileiro,
acompanhado de um prato de culinária medieval! Se você ainda não
conhece nossa coluna de hidroméis, tá na hora de conhecer: essa já
é a décima sexta resenha, ou seja, tem muitos rótulos nacionais
por aí pra serem experimentados.
E o nosso
hidromel de outubro é o Gjallarhorn, de Mogi das Cruzes – SP!
Se você
chegou aqui por acaso e ainda não sabe o que é hidromel, dê uma
passada antes no nosso artigo sobre essa maravilhosa bebida.
O
produtor conta que a história do Gjallarhorn começou em 2015.
Pesquisando na internet sobre comidas nórdicas, ele se deparou com
uma bebida diferente, e que ele poderia preparar em casa sem muito
investimento e preparo. Fez algumas receitas de modo arcaico, mas o
resultado agradou. Adquiriu algumas garrafas de outros produtores e
foi gostando da experiência, pesquisando mais, aprimorando sua
técnica e seus equipamentos.
Nesse
relato do produtor percebemos, mais uma vez, como a apreciação da
história da Era Viking e da cultura nórdica foi importante para
ajudar a trazer o hidromel à tona após séculos de esquecimento.
Ele é um de muitos produtores que foi introduzido à cultura do
hidromel por esse contato, e mais um que nomeia sua bebida com uma
homenagem à mitologia nórdica: Gjallarhorn é na mitologia o
poderoso chifre do deus Heimdallr, cujo sopro pode ser ouvido nos
Nove Mundos, e que será usado para avisar os outros deuses do começo
do Ragnarok.
E como
mencionamos em nosso artigo sobre a história do hidromel, a
popularidade do hidromel entre os antigos povos nórdicos os levou a
refinar a produção da bebida, chegando a algo próximo das versões
que consumimos hoje.
A experiência
Pesquisando
receitas para nosso prato medieval do mês, mais uma vez nos voltamos
aos registros ingleses, que são os mais ricos no que diz respeito à
descrição de pratos que eram preparados na Idade Média. Dessa vez,
preparamos Crustade Gentyle, uma receita de torta de porco que
está no Harleian Manuscript number 279, supostamente escrito
por volta de 1430 D.C., ou seja, mais uma receita cujo registro foi
feito no finalzinho do período medieval, mas cujo consumo
provavelmente vem de muito antes disso.
À
receita original do recheio, que leva carne de porco, ovos, leite de
amêndoas e tutano, tomamos apenas a liberdade de acrescentar
cogumelos, algo que um cozinheiro medieval inglês certamente teria
aprovado.
Preparamos
também Spynoches Yfryed, uma receita simples que na verdade
nada mais é do que espinafre pré-cozido e refogado no azeite de
oliva e temperado com pó doce. Essa receita está descrita no Forme
of Cury, uma coleção de receitas medievais do século XIV,
cujos autores são supostamente os mestres cozinheiros do Rei Ricardo
II da Inglaterra.
O
produtor do Gjallarhorn nos apresentou garrafas de sua safra
tradicional suave de 2016 – vamos à prova:
O aroma é
forte e bem pronunciado, lembrando o mel, mas não necessariamente
doce.
Não
apresenta carbonatação ao ser servido. A coloração é bem dourada
e translúcida, ou seja, um hidromel bem clarificado e com ótima
apresentação.
Apesar de
ser apresentado como um hidromel suave, ele não apresenta doçura. A
alta graduação alcoólica (14%) se faz sentir pela leve e
característica queimação na garganta, mas ainda assim a
classificação suave é adequada, pois ele é macio e tranquilo no
paladar. O sabor é forte e moderadamente complexo, permanecendo na
boca por bastante tempo. Assim como no aroma, é possível sentir um
pouco do gosto do mel, mas sem a doçura dos açúcares.
A
harmonização com a torta de porco e o espinafre, que são comidas
de sabor forte, foi muito boa. O Gjallarhorn é um hidromel de sabor
bem pronunciado e persistente. Por sua alta graduação alcoólica e
pela ausência de doçura, talvez a classificação demi-sec fosse
mais adequada, pois notamos que o público geralmente associa a
classificação suave com bebidas doces, o que não é o caso aqui.
Dessa
forma, recomendamos o Gjallarhorn aos vikings que apreciam um hidromel
intenso, alcoolicamente forte e sem fresc... quer dizer, sem doçura.
Dados Técnicos
O
produtor conta que usa mel silvestre, mas sempre
da mesma região do interior de SP, para manter o padrão na cor e no
aroma. Ele conta ainda que experimentou leveduras de diferentes
fabricantes, até encontrar a Lalvin, que considerou proporcionar a
melhor experiência sensorial para seu hidromel.
O tempo
de fermentação é de 3 meses, e a partir daí vão mais 3 meses
para maturação e limpeza.
A
graduação alcoólica, como mencionamos, é de 14%.
O valor
informado por garrafa (700ml) é de R$ 39,90. Você pode adquirir
pelo Mercado Livre ou entrando em contato diretamente com o produtor
pela página no facebook:
Já
experimentou o Gjallarhorn? Nos conte o que achou!
Veja também os outros rótulos que já experimentamos nesta coluna:
Julho/2016 – Bee Gold, de Sorocaba/SP
Agosto/2016 – Velho Oeste, de Xanxerê/SC
Setembro/2016 – Alfheim, de Cachoeirinha/RS
Outubro/2016 – Ferroada, de Contagem/MG
Novembro/2016 – Hahn, de Dois Irmãos/RS
Dezembro/2016 – Triple Horn, de São Paulo/SP
Janeiro/2017 – Cervantes, de Maringá/PR
Fevereiro/2017 – OldPony, de Mogi-Guaçu/SP
Março/2017 – Corvo Caolho, de São Caetano do Sul/SP
Junho/2017 – Lord, de São Paulo/SP
Julho/2017 – Skald, do Rio de Janeiro/RJ
Agosto/2017 – Sea of Velho Mundo, do Rio de Janeiro/RJ
Setembro/2017 – Zamith, de Queluz/SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe o seu comentário sobre este artigo