quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Outubro/2017 – Hidromel Gjallarhorn

Salve, medievalistas e apreciadores de hidromel!

Como de costume, trazemos nossa resenha mensal de um hidromel brasileiro, acompanhado de um prato de culinária medieval! Se você ainda não conhece nossa coluna de hidroméis, tá na hora de conhecer: essa já é a décima sexta resenha, ou seja, tem muitos rótulos nacionais por aí pra serem experimentados.


E o nosso hidromel de outubro é o Gjallarhorn, de Mogi das Cruzes – SP!


Se você chegou aqui por acaso e ainda não sabe o que é hidromel, dê uma passada antes no nosso artigo sobre essa maravilhosa bebida.

O produtor conta que a história do Gjallarhorn começou em 2015. Pesquisando na internet sobre comidas nórdicas, ele se deparou com uma bebida diferente, e que ele poderia preparar em casa sem muito investimento e preparo. Fez algumas receitas de modo arcaico, mas o resultado agradou. Adquiriu algumas garrafas de outros produtores e foi gostando da experiência, pesquisando mais, aprimorando sua técnica e seus equipamentos.


Nesse relato do produtor percebemos, mais uma vez, como a apreciação da história da Era Viking e da cultura nórdica foi importante para ajudar a trazer o hidromel à tona após séculos de esquecimento. Ele é um de muitos produtores que foi introduzido à cultura do hidromel por esse contato, e mais um que nomeia sua bebida com uma homenagem à mitologia nórdica: Gjallarhorn é na mitologia o poderoso chifre do deus Heimdallr, cujo sopro pode ser ouvido nos Nove Mundos, e que será usado para avisar os outros deuses do começo do Ragnarok.

E como mencionamos em nosso artigo sobre a história do hidromel, a popularidade do hidromel entre os antigos povos nórdicos os levou a refinar a produção da bebida, chegando a algo próximo das versões que consumimos hoje.

A experiência


Pesquisando receitas para nosso prato medieval do mês, mais uma vez nos voltamos aos registros ingleses, que são os mais ricos no que diz respeito à descrição de pratos que eram preparados na Idade Média. Dessa vez, preparamos Crustade Gentyle, uma receita de torta de porco que está no Harleian Manuscript number 279, supostamente escrito por volta de 1430 D.C., ou seja, mais uma receita cujo registro foi feito no finalzinho do período medieval, mas cujo consumo provavelmente vem de muito antes disso.


À receita original do recheio, que leva carne de porco, ovos, leite de amêndoas e tutano, tomamos apenas a liberdade de acrescentar cogumelos, algo que um cozinheiro medieval inglês certamente teria aprovado.


Preparamos também Spynoches Yfryed, uma receita simples que na verdade nada mais é do que espinafre pré-cozido e refogado no azeite de oliva e temperado com pó doce. Essa receita está descrita no Forme of Cury, uma coleção de receitas medievais do século XIV, cujos autores são supostamente os mestres cozinheiros do Rei Ricardo II da Inglaterra.


O produtor do Gjallarhorn nos apresentou garrafas de sua safra tradicional suave de 2016 – vamos à prova:

O aroma é forte e bem pronunciado, lembrando o mel, mas não necessariamente doce.


Não apresenta carbonatação ao ser servido. A coloração é bem dourada e translúcida, ou seja, um hidromel bem clarificado e com ótima apresentação.


Apesar de ser apresentado como um hidromel suave, ele não apresenta doçura. A alta graduação alcoólica (14%) se faz sentir pela leve e característica queimação na garganta, mas ainda assim a classificação suave é adequada, pois ele é macio e tranquilo no paladar. O sabor é forte e moderadamente complexo, permanecendo na boca por bastante tempo. Assim como no aroma, é possível sentir um pouco do gosto do mel, mas sem a doçura dos açúcares.


A harmonização com a torta de porco e o espinafre, que são comidas de sabor forte, foi muito boa. O Gjallarhorn é um hidromel de sabor bem pronunciado e persistente. Por sua alta graduação alcoólica e pela ausência de doçura, talvez a classificação demi-sec fosse mais adequada, pois notamos que o público geralmente associa a classificação suave com bebidas doces, o que não é o caso aqui.


Dessa forma, recomendamos o Gjallarhorn aos vikings que apreciam um hidromel intenso, alcoolicamente forte e sem fresc... quer dizer, sem doçura.

Dados Técnicos


O produtor conta que usa mel silvestre, mas sempre da mesma região do interior de SP, para manter o padrão na cor e no aroma. Ele conta ainda que experimentou leveduras de diferentes fabricantes, até encontrar a Lalvin, que considerou proporcionar a melhor experiência sensorial para seu hidromel.


O tempo de fermentação é de 3 meses, e a partir daí vão mais 3 meses para maturação e limpeza.

A graduação alcoólica, como mencionamos, é de 14%.

O valor informado por garrafa (700ml) é de R$ 39,90. Você pode adquirir pelo Mercado Livre ou entrando em contato diretamente com o produtor pela página no facebook:




Já experimentou o Gjallarhorn? Nos conte o que achou!




Veja também os outros rótulos que já experimentamos nesta coluna:


Julho/2016 – Bee Gold, de Sorocaba/SP

Agosto/2016 – Velho Oeste, de Xanxerê/SC

Setembro/2016 – Alfheim, de Cachoeirinha/RS

Outubro/2016 – Ferroada, de Contagem/MG

Novembro/2016 – Hahn, de Dois Irmãos/RS

Dezembro/2016 – Triple Horn, de São Paulo/SP

Janeiro/2017 – Cervantes, de Maringá/PR

Fevereiro/2017 – OldPony, de Mogi-Guaçu/SP

Março/2017 – Corvo Caolho, de São Caetano do Sul/SP

Abril/2017 – Philip Mead, de Hortolândia/SP

Maio/2017 – Yggdrasill, de Curitiba/PR

Junho/2017 – Lord, de São Paulo/SP

Julho/2017 – Skald, do Rio de Janeiro/RJ

Agosto/2017 – Sea of Velho Mundo, do Rio de Janeiro/RJ

Setembro/2017 – Zamith, de Queluz/SP

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