Salve,
medievalistas e apreciadores de hidromel!
Esta é
nada menos do que a décima quarta resenha em nossa coluna de
hidroméis! Ou seja, já faz mais de um ano que mantemos a nossa
proposta de provar e resenhar um hidromel brasileiro por mês!
E o
hidromel deste mês de agosto é o Velho Mundo, do Rio de Janeiro/RJ!
Não sabe
o que é hidromel? Então dê uma olhadinha antes no nosso artigo
explicando um pouquinho da história da bebida!
Se você
tem acompanhado nossa coluna, deve saber que ela é umas das mais
ativas do site. Os principais posts nela são nossas análises de
hidroméis brasileiros, que fazemos uma vez por mês (sempre
acompanhados de pratos de culinária medieval), mas também temos
falado de outras coisas relacionadas ao hidromel. Recentemente, por
exemplo, concedemos uma entrevista à Associação de Produtores de
Hidromel de SP, que foi bem bacana (veja aqui).
Nós
demoramos um pouco pra começar a falar de hidroméis cariocas, mas
agora eles estão aparecendo com força na coluna – o primeiro foi
o Skald, nosso rótulo de julho, este mês trazemos o Velho Mundo, e
ainda outros hidroméis do Rio devem aparecer por aqui nos próximos
meses.
A
variedade pyment do hidromel Velho Mundo, que foi a que
experimentamos, começou a ser produzida em 2016. Encontramos com o
produtor este ano durante o Old Norse, um acampamento viking do qual
participamos em junho (veja aqui a resenha). Ele era um dos
expositores vendendo sua bebida no evento, e naquela oportunidade já
deixou conosco o hidromel que estamos provando agora.
A experiência
Inspirados
pelo nome deste hidromel, decidimos finalmente fazer algo que já
queríamos há muito tempo: preparar, para acompanhar, um prato de
culinária medieval portuguesa, e acabamos preparando duas receitas
diferentes, ambas presentes no livro Um tratado da Cozinha
Portuguesa do Século XV.
A
primeira é uma receita de almôndegas, fritas na manteiga e
recheadas com uma gema de ovo cozida:
E a
segunda é uma receita de ovos mexidos com água-de-flor (um item
presente na cozinha portuguesa provavelmente por influência árabe),
polvilhados com açúcar e pimenta (a receita mandava usar também
canela, mas eu acabei esquecendo...):
O Velho
Mundo é produzido em sua versão tradicional doce (suave) e também
na variedade pyment semi-seco, que foi a que o produtor nos
apresentou. Ainda não havíamos tido a oportunidade de experimentar
um pyment por aqui, então foi bem interessante.
Como já
mencionamos em outros artigos, as subvariedades de hidromel recebem
diversos nomes diferentes de acordo com os ingredientes que são
adicionados na fermentação. No caso, o pyment é um hidromel que
foi fermentado não apenas com mel, mas também com suco de uvas.
Ao
servir, notamos uma considerável carbonatação, mas segundo o
produtor esta não era a intenção, o que significa que a bebida
refermentou um pouco após o engarrafamento. Mas isso em nada
prejudicou a experiência, que foi como tomar um vinho frisante.
Tanto no
aroma quanto no paladar, ele é ligeiramente ácido, certamente em
função das uvas. Segundo o produtor, são utilizadas uvas verdes
não muito doces, para apurar mais o sabor da uva como nota final
durante a degustação, e a uva também confere mais tanino ao
hidromel.
Ainda
assim, a doçura do mel se faz bem presente, equilibrando bem com a
acidez. De fato, talvez pudéssemos até classificá-lo como um
hidromel mais suave do que semi-seco. Em virtude disso, a graduação
alcoólica de 12% é quase imperceptível.
No final,
a experiência foi parecida com a de um vinho prosecco, talvez
apenas um pouco mais ácido e ao mesmo mais tempo mais doce. Talvez
uma bebida refinada demais para os pratos de sabor cotidiano que
preparamos, mas ainda assim uma boa combinação. Recomendamos o
Velho Mundo Pyment aos paladares que apreciam hidroméis doces e
semi-secos, e principalmente àqueles que já conhecem hidroméis
tradicionais e querem partir para experiências mais exóticas dentro
do mundo dos hidroméis.
Dados técnicos
São
utilizados mel de laranjeira ou silvestre, dependendo da época do
ano. O tempo de fermentação é de 2 a 3 meses, e a maturação e
clarificação, quando necessárias, demandam mais um mês. A
levedura utilizada é uma cepa enóloga de marca francesa.
Como
mencionamos inicialmente, além desse pyment que provamos, o Velho
Mundo possui também uma variedade tradicional suave, e o produtor
está atualmente pesquisando novas receitas para começar a produzir
uma versão seca.
A
graduação alcoólica da variedade que experimentamos é de 12%.
O valor
de venda da garrafa de 500ml é de cerca de R$ 40,00. Para
encomendar, entre em contato com o produtor pela página no facebook:
Você já
experimentou o Velho Mundo? Conte para nós o que achou deste
hidromel!
Veja também os outros rótulos que já experimentamos nesta coluna:
Julho/2016 – Bee Gold, de Sorocaba/SP
Agosto/2016 – Velho Oeste, de Xanxerê/SC
Setembro/2016 – Alfheim, de Cachoeirinha/RS
Outubro/2016 – Ferroada, de Contagem/MG
Novembro/2016 – Hahn, de Dois Irmãos/RS
Dezembro/2016 – Triple Horn, de São Paulo/SP
Janeiro/2017 – Cervantes, de Maringá/PR
Fevereiro/2017 – OldPony, de Mogi-Guaçu/SP
Março/2017 – Corvo Caolho, de São Caetano do Sul/SP
Junho/2017 – Lord, de São Paulo/SP
Julho/2017 – Skald, do Rio de Janeiro/RJ
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