Hail,
medievalitas e apreciadores de hidromel!
Chegamos
a nada menos do que o décimo segundo hidromel de nossa coluna! Isso
significa que já estamos há um ano seguindo com nossa proposta de
experimentar e falar de um rótulo nacional por mês, sempre
acompanhado de um prato de culinária medieval.
E o
hidromel deste mês de junho, pra fechar esse ciclo de um ano, é o
Lord, de São Paulo, SP!
Nossa
coluna de hidroméis começou em julho de 2016 desde então teve uma
repercussão bem bacana. De julho a dezembro de 2016 falamos de
exatamente meia dúzia de rótulos nacionais, que foram objeto da
escolha do Melhor Hidromel de 2016 (veja aqui o resultado). Em
janeiro começamos uma nova lista, que até o final do ano terá
outros doze rótulos, sempre nacionais, dos quais o Lord é o sexto.
Deixamos
aqui nosso agradecimento a cada um dos produtores que confiou em
nosso trabalho e manifestou a vontade de ver seu hidromel sendo
objeto de nossa coluna.
O Lord é
produzido na capital paulista desde março de 2014. A primeira vez
que experimentamos foi no Banquete dos Reinos, em agosto de 2016. Na
nossa lembrança, era um hidromel bem forte, mas com várias coisas
acontecendo ao mesmo tempo no evento, não pudemos apreciar suas
sutilezas, coisa que certamente fizemos dessa vez.
O
Banquete dos Reinos foi um evento que debutou no meio medieval
paulista no ano passado, com direito a danças palacianas, bardos com
gaitas de fole e carne de javali (veja aqui a resenha), e aconteceu
no Paradiso, um bar em São Paulo cuja fachada tem o formato de um
castelo! (veja também o post que fizemos sobre o local).
A experiência
No
Banquete dos Reinos, o prato principal e último course
foi carne de javali, que harmonizou bem com o Lord na época, de modo
que decidimos repetir a combinação. Escolhemos apenas um corte
diferente da carne: carrê, que é o lombo com os ossos das costelas.
E a carne de javali é algo que já queríamos colocar há muito
tempo entre os pratos aqui da coluna, por ser algo lúdico e
frequentemente associado à Idade Média.
A caça de javalis na Europa Medieval era feita principalmente por
nobres com a finalidade de aperfeiçoar a habilidade marcial. Os
registros mostram que os javalis eram abundantes, de modo que em tese
os camponeses também poderiam caçá-los nas áreas que não fossem
restritas, mas caçar um javali era uma prática extremamente
perigosa que exigia coragem, técnica e as ferramentas certas. Ou
seja, acabava ficando mais para os nobres de qualquer jeito.
Para
acompanhar o hidromel e o javali, preparamos ainda um pão de cevada
e centeio, com mel e brown ale.
E para completar a mesa, um bom pedaço de queijo parmesão.
O
produtor do Lord nos apresentou as duas variedades que produz: o
tradicional, no caso dele um demi-sec, e o viking blood,
que é uma receita diferenciada e bem popular entre os produtores de
hidromel.
Começamos com o tradicional, que por definição leva em sua receita
apenas água, mel e levedura. Ao abrirmos a garrafa, o forte aroma
sugere uma bebida licorosa.
Não apresenta carbonatação e tem uma coloração bem dourada e
ligeiramente turva, ou seja, uma clarificação média. No paladar,
não é licoroso como o aroma sugeria, mas é forte como lembrávamos
dele, provavelmente um dos hidroméis mais fortes que já bebemos, no
qual a presença do álcool se faz sentir bastante.
Com efeito, a graduação alcoólica do Lord Tradicional é de 14%,
fazendo uma combinação poderosa com a carne forte de javali.
Mais para o final da refeição, abrimos o Viking Blood, que logo
percebemos ter um aroma bem mais sutil.
Também não apresenta carbonatação, e a coloração vem do
avermelhado da flor de hibisco. Apresenta uma clarificação superior
à versão tradicional, ou seja, uma melhor apresentação, para quem
valoriza essa característica. No paladar, o primeiro gole é bem
adocicado, e depois começamos a perceber as demais características,
como um amargor sutil.
Como já mencionamos em outras resenhas, o hábito de adicionar flor
de hibisco na receita do hidromel é bem difundido na europa, e
supostamente segue uma receita dinamarquesa de mais de trezentos
anos. Isto associado à coloração avermelhada que é conferida pelo
hibisco levou à convenção de se chamar essa receita de viking
blood, ou sangue viking, e essa mistura é reproduzida por vários
produtores de hidromel também no Brasil. Tecnicamente, todo viking
blood é um metheglin, ou seja, um hidromel feito com adição de
ervas ou especiarias. No caso, a flor de hibisco.
E no caso do Lord Viking Blood, é adicionado ainda um outro
elemento: o lúpulo. Trata-se de um ingrediente muito usado na
fabricação de cerveja, mas não tão comum na do hidromel, e aqui
ele desempenha um papel interessante, pois é ele quem proporciona
aquele amargor que disputa com o açucar residual do mel – uma
experiência bem interessante.
A graduação alcoólica do Viking Blood é ainda superior à do
Tradicional: 16%.
Enfim, como já dissemos, a harmonização com a carne de javali foi
uma ótima escolha. O queijo parmesão, que é bem salgado, também
combinou bastante. E independente da comida, recomendamos o Lord em
suas duas versões aos paladares que apreciam hidroméis fortes e bem
alcoólicos, especialmente no caso do tradicional, no qual não há
doçura pra disfarçar – é forte e ponto. O viking bloog pode
enganar por sua doçura, que faz com que ele desça fácil, mas
também é um hidromel que pode te deixar vendo valquírias por aí.
Dados técnicos
O produtor conta que o Lord é preparado com mel silvestre da cidade
de Taquarivaí, no interior de SP. Como mencionamos acima, os
ingredientes do tradicional são apenas água, mel e levedura, e no
caso do viking blood há adição de flor de hibisco e lúpulo. O
produtor menciona ainda que utiliza uma levedura própria para
fermentação de vinho, importada do Canadá.
O tempo de fermentação é de dois meses e meio a três meses, e a
maturação dura mais três meses, totalizando um tempo de seis meses
para produção de cada safra.
A graduação alcoólica é de 14% no Tradicional e de 16% no Viking
Blood.
Os valores de venda por garrafa (750ml) são:
Tradicional – R$ 38,00
Viking Blood – R$ 50,00
Você
pode encomendar uma garrafa do Lord diretamente pelo site do
produtor:
E você, já experimentou o Lord? Nos conte o que achou desse
hidromel!
Veja também os outros rótulos que já experimentamos nesta coluna:
Julho/2016 – Bee Gold, de Sorocaba/SP
Agosto/2016 – Velho Oeste, de Xanxerê/SC
Setembro/2016 – Alfheim, de Cachoeirinha/RS
Outubro/2016 – Ferroada, de Contagem/MG
Novembro/2016 – Hahn, de Dois Irmãos/RS
Dezembro/2016 – Triple Horn, de São Paulo/SP
Janeiro/2017 – Cervantes, de Maringá/PR
Fevereiro/2017 – OldPony, de Mogi-Guaçu/SP
Março/2017 – Corvo Caolho, de São Caetano do Sul/SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe o seu comentário sobre este artigo