quinta-feira, 29 de junho de 2017

Junho/2017 – Hidromel Lord

Hail, medievalitas e apreciadores de hidromel!

Chegamos a nada menos do que o décimo segundo hidromel de nossa coluna! Isso significa que já estamos há um ano seguindo com nossa proposta de experimentar e falar de um rótulo nacional por mês, sempre acompanhado de um prato de culinária medieval.


E o hidromel deste mês de junho, pra fechar esse ciclo de um ano, é o Lord, de São Paulo, SP!

Nossa coluna de hidroméis começou em julho de 2016 desde então teve uma repercussão bem bacana. De julho a dezembro de 2016 falamos de exatamente meia dúzia de rótulos nacionais, que foram objeto da escolha do Melhor Hidromel de 2016 (veja aqui o resultado). Em janeiro começamos uma nova lista, que até o final do ano terá outros doze rótulos, sempre nacionais, dos quais o Lord é o sexto.

Deixamos aqui nosso agradecimento a cada um dos produtores que confiou em nosso trabalho e manifestou a vontade de ver seu hidromel sendo objeto de nossa coluna.

O Lord é produzido na capital paulista desde março de 2014. A primeira vez que experimentamos foi no Banquete dos Reinos, em agosto de 2016. Na nossa lembrança, era um hidromel bem forte, mas com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo no evento, não pudemos apreciar suas sutilezas, coisa que certamente fizemos dessa vez.


O Banquete dos Reinos foi um evento que debutou no meio medieval paulista no ano passado, com direito a danças palacianas, bardos com gaitas de fole e carne de javali (veja aqui a resenha), e aconteceu no Paradiso, um bar em São Paulo cuja fachada tem o formato de um castelo! (veja também o post que fizemos sobre o local).

A experiência


No Banquete dos Reinos, o prato principal e último course foi carne de javali, que harmonizou bem com o Lord na época, de modo que decidimos repetir a combinação. Escolhemos apenas um corte diferente da carne: carrê, que é o lombo com os ossos das costelas.


E a carne de javali é algo que já queríamos colocar há muito tempo entre os pratos aqui da coluna, por ser algo lúdico e frequentemente associado à Idade Média.

A caça de javalis na Europa Medieval era feita principalmente por nobres com a finalidade de aperfeiçoar a habilidade marcial. Os registros mostram que os javalis eram abundantes, de modo que em tese os camponeses também poderiam caçá-los nas áreas que não fossem restritas, mas caçar um javali era uma prática extremamente perigosa que exigia coragem, técnica e as ferramentas certas. Ou seja, acabava ficando mais para os nobres de qualquer jeito.


Para acompanhar o hidromel e o javali, preparamos ainda um pão de cevada e centeio, com mel e brown ale. E para completar a mesa, um bom pedaço de queijo parmesão.

O produtor do Lord nos apresentou as duas variedades que produz: o tradicional, no caso dele um demi-sec, e o viking blood, que é uma receita diferenciada e bem popular entre os produtores de hidromel.

Começamos com o tradicional, que por definição leva em sua receita apenas água, mel e levedura. Ao abrirmos a garrafa, o forte aroma sugere uma bebida licorosa.


Não apresenta carbonatação e tem uma coloração bem dourada e ligeiramente turva, ou seja, uma clarificação média. No paladar, não é licoroso como o aroma sugeria, mas é forte como lembrávamos dele, provavelmente um dos hidroméis mais fortes que já bebemos, no qual a presença do álcool se faz sentir bastante.


Com efeito, a graduação alcoólica do Lord Tradicional é de 14%, fazendo uma combinação poderosa com a carne forte de javali.

Mais para o final da refeição, abrimos o Viking Blood, que logo percebemos ter um aroma bem mais sutil.


Também não apresenta carbonatação, e a coloração vem do avermelhado da flor de hibisco. Apresenta uma clarificação superior à versão tradicional, ou seja, uma melhor apresentação, para quem valoriza essa característica. No paladar, o primeiro gole é bem adocicado, e depois começamos a perceber as demais características, como um amargor sutil.


Como já mencionamos em outras resenhas, o hábito de adicionar flor de hibisco na receita do hidromel é bem difundido na europa, e supostamente segue uma receita dinamarquesa de mais de trezentos anos. Isto associado à coloração avermelhada que é conferida pelo hibisco levou à convenção de se chamar essa receita de viking blood, ou sangue viking, e essa mistura é reproduzida por vários produtores de hidromel também no Brasil. Tecnicamente, todo viking blood é um metheglin, ou seja, um hidromel feito com adição de ervas ou especiarias. No caso, a flor de hibisco.

E no caso do Lord Viking Blood, é adicionado ainda um outro elemento: o lúpulo. Trata-se de um ingrediente muito usado na fabricação de cerveja, mas não tão comum na do hidromel, e aqui ele desempenha um papel interessante, pois é ele quem proporciona aquele amargor que disputa com o açucar residual do mel – uma experiência bem interessante.

A graduação alcoólica do Viking Blood é ainda superior à do Tradicional: 16%.


Enfim, como já dissemos, a harmonização com a carne de javali foi uma ótima escolha. O queijo parmesão, que é bem salgado, também combinou bastante. E independente da comida, recomendamos o Lord em suas duas versões aos paladares que apreciam hidroméis fortes e bem alcoólicos, especialmente no caso do tradicional, no qual não há doçura pra disfarçar – é forte e ponto. O viking bloog pode enganar por sua doçura, que faz com que ele desça fácil, mas também é um hidromel que pode te deixar vendo valquírias por aí.

Dados técnicos


O produtor conta que o Lord é preparado com mel silvestre da cidade de Taquarivaí, no interior de SP. Como mencionamos acima, os ingredientes do tradicional são apenas água, mel e levedura, e no caso do viking blood há adição de flor de hibisco e lúpulo. O produtor menciona ainda que utiliza uma levedura própria para fermentação de vinho, importada do Canadá.


O tempo de fermentação é de dois meses e meio a três meses, e a maturação dura mais três meses, totalizando um tempo de seis meses para produção de cada safra.

A graduação alcoólica é de 14% no Tradicional e de 16% no Viking Blood.

Os valores de venda por garrafa (750ml) são:

Tradicional – R$ 38,00
Viking Blood – R$ 50,00

Você pode encomendar uma garrafa do Lord diretamente pelo site do produtor:




E você, já experimentou o Lord? Nos conte o que achou desse hidromel!

Veja também os outros rótulos que já experimentamos nesta coluna:


Julho/2016 – Bee Gold, de Sorocaba/SP

Agosto/2016 – Velho Oeste, de Xanxerê/SC

Setembro/2016 – Alfheim, de Cachoeirinha/RS

Outubro/2016 – Ferroada, de Contagem/MG

Novembro/2016 – Hahn, de Dois Irmãos/RS

Dezembro/2016 – Triple Horn, de São Paulo/SP

Janeiro/2017 – Cervantes, de Maringá/PR

Fevereiro/2017 – OldPony, de Mogi-Guaçu/SP

Março/2017 – Corvo Caolho, de São Caetano do Sul/SP

Abril/2017 – Philip Mead, de Hortolândia/SP

Maio/2017 – Yggdrasill, de Curitiba/PR

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário sobre este artigo