sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Resenha da Feira Entre Mundos 2016

Fotos por
Sergio Scarpelli
Karen Wendy
Rodrigo Rusnak
Mara Pintor
Vladimir Bedin
Salve, amantes de cultura antiga e medieval!

Neste final de semana aconteceu no município de Várzea Paulista (SP) a Feira Entre Mundos.


Trata-se da terceira edição do evento. As duas primeiras aconteceram em 2013 e 2014 e, após o hiato de 2015, o evento retornou este ano, novamente na Associação Desportiva Cica.

“A Feira Entre Mundos é um festival cultural que homenageia a arte, a cultura e a sabedoria proveniente dos povos antigos, retratando de forma lúdica, parte da história da humanidade.”

Este era o parágrafo que introduzia o texto de apresentação do programa impresso entregue aos convidados na entrada do evento.


Além do caráter cultural, a Feira Entre Mundos tinha a proposta de promover a interação entre homem e natureza. Dessa forma, parte da receita do evento foi destinada à instituição ambiental Associação Mata Ciliar, que desenvolve um trabalho de cuidado da fauna e flora silvestre da região.


O valor do ingresso era de R$ 60,00, sendo que o benefício da meia-entrada (R$ 30,00) foi concedido não apenas aos estudantes, mas também a todos que fizessem uma doação de algum dos itens da lista de necessidades da Associação Mata Ciliar. Ou seja, um valor de ingresso bem acessível, considerando o grande número de atrações do evento.

Atrações que, por sinal, foram divididas pelo longo período de aproximadamente 15 horas – das 11h da manhã de sábado às 04h da madrugada de domingo – dividido em duas partes. Durante o dia, a feira propriamente dita, com atrações culturais e artísticas, palestras, espaço de gastronomia e de artesanatos; durante a noite, apresentação de diversas bandas, a maioria de metal.

Primeira parte do evento – Feira Cultural e Familiar


Como o nome já diz, a parte principal do evento é uma grande feira. Ao chegar, os participantes podiam passar um bom tempo transitando entre o grande número de tendas com variados tipos de artesanato, em geral relacionados à temática antiga, medieval ou mística.




Em geral, os eventos medievais atraem um público jovem/adulto e diretamente relacionado à cultura nerd/geek, pois estes são os principais consumidores de literatura e cinema de temática medieval ou fantástica. A primeira parte Feira Entre mundos, contudo, atraiu um público mais diversificado e familiar, como costuma ver em feiras culturais regionais. Além disso, a Entre Mundos é um evento que procura invocar não apenas a cultura medieval, mas também culturas bem mais antigas.






A maior parte das atrações aconteceu no quiosque principal. Houve apresentações de dança de diferentes estilos, artes marciais japonesas, luta medieval, apresentações musicais e até uma versão da peça de teatro (musical) Noites Celtas, baseada na lenda de Deirdre e Naois.










Paralelamente, havia uma sala para palestras, onde se falou sobre temas como instrumentação da música celta, cultura cigana e desmistificação da Idade Média.

E nas áreas externas, diversas atividades como arco e flecha, swordplay, exposição de aves de rapina e jogos de tabuleiro.






De forma geral, foi tudo muito bem organizado. Houve pequenos atrasos no cronograma inicialmente estipulado pela organização, mas nada demais, especialmente considerando o grande número de atrações, muitas delas acontecendo simultaneamente em diferentes espaços dentro do evento. Apesar do calor e sol forte, havia bastante espaço com sombra, especialmente a área do quiosque principal, onde aconteceram a maioria das apresentações artísticas.

Samhain e a queima do Homem de Palha


A data para realização do evento, no finalzinho de outubro, não foi escolhida por acaso.

O Samhain é o festival do ano novo celta, marcando o fim da estação de colheita e o início do inverno, que no hemisfério norte acontece na transição entre outubro e novembro. Embora estejamos no hemisfério sul, a tradição celta é essencialmente europeia, de modo que replicá-la por aqui faz mais sentido nessa época mesmo.


E além de marcar o fim das colheitas, o Samhain era supostamente visto na tradição celta como um tempo de transição, quando a fronteira entre este mundo e o Outro poderia ser mais facilmente atravessada, de forma que os seres espirituais podiam vir mais facilmente e serem vistos.


No século IX, o cristianismo ocidental mudou a data do Dia de Todos os Santos (All Saint’s Say), que antes ocorria em maio, para 1º de Novembro, e mais tarde o dia 2 de Novembro passou a ser o Dia das Almas (All Soul’s Day) – o Dia de Finados no Brasil. Com o tempo, o Samhain celta e o Dia de Todos os Santos cristão se fundiram no Halloween moderno (com efeito, a palavra Halloween é uma contração de All Hallows’ Evening, ou Noite de Todos os Santos).

O Wicker Man (Homem de Palha), por sua vez, é uma efígie que supostamente era queimada em rituais pelos Druidas (sacerdotes do paganismo celta). Dessa forma, o Homem de Palha, que já havia servido de alvo no estande de arquearia durante o dia inteiro, foi queimado enquanto a multidão assistia, marcando o fim da primeira parte do evento. E não sem uma boa dose de espetáculo, pois a labareda que começou o fogo foi cuspida por um artista pirófago.





Segunda Parte do evento – Noite de Folk Metal


A Tailten, primeira banda a se apresentar na noite, é um grupo de música tradicional irlandesa, o que foi um excelente encerramento para as festividades do dia, pois toda essa tradição celta que o evento procurou invocar é especialmente viva na Irlanda.


O restante da noite, contudo, foi dominado por bandas de um estilo bem mais pesado, fazendo que com a segunda parte do evento parecesse mais um festival de bandas de folk metal.


A música folk é aquela que traz algum elemento folclórico, seja na sonoridade ou na temática das letras. O folk metal, por sua vez, é a mistura do heavy metal com a música folk, e por vezes recebe denominações ainda mais específicas como pagan metal ou celtic metal.


As bandas de metal que se apresentaram na noite do Entre Mundos estão justamente neste espectro: Dark Inquisition (pagan metal), Sigfadhir (pagan metal), Opus (celtic black metal) e Ensiferum Tribute (folk metal).




Alternando com as apresentações das bandas, houve também durante a noite intervenções de Tribal Fusion, feitas por um grupo de danças étnicas.



Ou seja, a primeira e a segunda parte do evento foram bem diferentes, constituindo uma festa diversificada que atendeu a no mínimo dois tipos de público – o público familiar na primeira parte, e o público jovem do metal na segunda. Esperamos que a Feira Entre Mundos se repita ainda por muitos anos com essa bela proposta.

E você, esteve na Entre Mundos? Comente o que achou do evento!


Veja também aqui no Cena Medieval:


Calendário Cena Medieval – Saiba quando e onde acontecem todos os eventos do meio medieval brasileiro!

3 comentários:

  1. Primeira vez que compareço ao evento e adorei,com certeza irei nos anos seguintes!!!
    Bela matéria Skald,fotografias impecáveis! 😍

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  2. Meu primeiro ano no evento e amei! Tudo muito organizado, comidas e bebidas deliciosas, a feira com artesanatos lindos, é o som fantástico, fiquei ate o final e valeram todos os momentos, ano q vem estarei lá, com certeza! Parabéns pela linda matéria!

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  3. Adorei o evento. A Feira Entre Mundos é fantástica! O melhor evento medieval que já fui!

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