Hail, folkers e metalheads!
Finalmente está aqui nosso artigo sobre o Heidevolk e seu estilo pagan folk metal holandês!
A seção de bandas do Cena Medieval foi originalmente criada para falar
apenas de grupos musicais brasileiros. Contudo, tendo em vista as importantes
apresentações internacionais que estamos tendo agora nesse fim de ano, decidi
abrir exceções, e hoje é dia de falar do Heidevolk, que fará duas apresentações
no Brasil neste final de semana, em Curitiba/PR e São Paulo/SP.
Ainda não sabia dos shows do Heidevolk? Veja na seção de bandas aqui do blog nossos artigos sobre as duas apresentações, que são uma edição especial do
Odin’s Krieger Festival.
O Heidevolk é uma banda holandesa de um estilo que pode ser classificado hoje como pagan folk metal. Os temas das
letras de suas músicas autorais são inspirados pela natureza, pela história dos Países Baixos e pela mitologia germânica. A maioria das letras são cantadas em
holandês, mas eles costumam fazer também alguns covers de outras bandas em
inglês.
A banda foi formada em 2002 (na época com o nome Hymir) e desde então
teve algumas alterações na formação. Uma das características mais marcantes na
banda é que a formação sempre contou com dois vocalistas homens, fazendo vocais
fortes e agressivos, mas limpos (não guturais).
O nome Heidevolk, em holandês, significa algo como “Povo da Charneca”. A
banda escolheu esse nome pois as charnecas (terrenos áridos de vegetação baixa)
são um tipo de paisagem dominante na Holanda.
Pagan Folk Metal
Como já disse em outros artigos aqui no blog, a música folk é aquela que
guarda alguma relação com a cultura específica de um povo ou local, seja na
temática ou na sonoridade. O folk metal, dessa forma, pode ser definido como
uma mistura da música folk com o heavy metal tradicional. O pagan metal, por
sua vez, seria uma outra vertente do metal (ou no mínimo uma nova
classificação), de bandas cuja temática das letras gira em torno do paganismo.
Essas definições nunca são precisas, e a tentativa de classificar as
bandas neste ou naquele gênero frequentemente esbarra em bandas com estilos tão
únicos que não se encaixam em nenhum gênero, mas acabam sendo colocadas junto
com outras dentro de um mesmo rótulo.
No caso do Heidevolk, eles se definem inicialmente como uma banda de
folk metal – a biografia no site oficial da banda conta como eles “desde a sua formação em Arnhem conquistaram
palcos em toda a Europa com sua própria marca de folk metal”. O mesmo texto
fala ainda que “as canções
irresistivelmente cativantes inflamaram o fogo pagão nas almas de muitos no
continete”.
E com efeito, muitas das letras falam da mitologia germânica e seus
deuses, como Wodan (Odin), Donar (Thor) e Ziu (Tyr), tornando bem válida a
rotulação da banda como pagan metal.
A sonoridade do Heidevolk, por fim, é bem mais puxada para o heavy metal
mesmo. Diferente de muitas outras bandas de folk metal, geralmente não há
utilização de instrumentos típicos ou antigos (exceto por um breve período
durante a qual a banda contou com uma violinista), apenas o clássico som do
heavy metal formado por guitarras, baixo e bateria, além da já mencionada e
característica dupla de vocais masculinos.
Heidevolk e a história dos Países Baixos
Além da mitologia germânica, o outro grande elemento que inspira a
temática das letras da banda é a história de tempos esquecidos no passado das
terras que hoje compõem os Países Baixos (a Holanda). Eles deixam claro que o
objetivo não é exatamente dar uma aula de história, nem tampouco passar uma
mensagem clara, mas sim abordar em suas canções temas relacionados à rica
história da região em que vivem.
Um dos temas tratados nos primeiros álbuns, por exemplo, é a história do
povo da Guéldria (em holandês, Gelderland).
O nome hoje designa uma província mais ou menos no centro da Holanda, que
historicamente refere-se também a um ducado do Império Romano.
Como outro exemplo, o penúltimo álbum da banda, Batavi (2012), fala da
tribo dos Batavos (do latim batavi,
que é a designação dada pelos romanos (novamente eles) a um dos povos
germânicos que habitavam aquela região. Segundo explicação da própria banda,
esse álbum vai desde o surgimento da tribo no primeiro século a.C. até a sua
revolta contra o Império Romano em 69/70 d.C. O álbum é composto por nove
canções que tratam dos capítulos nessa história.
Já o último álbum lançado, Velua (2015), oferece uma imagem obscura e
mítica das florestas Veluwe, localizadas na mencionada província da Guéldria.
Vulgaris Magistralis
Se você buscar por “Heidevolk” no youtube, essa música vai ser sempre um
dos primeiros resultados. Muita gente pensa que é de fato uma canção do
Heidevolk, mas é na verdade um cover de outra banda holandesa chamada Normaal.
A letra fala, de forma cômica, de um antigo herói holandês, meio
homem-das-cavernas, que ainda vagueia pelas planícies holandesas de Achterkoek
montado em seu mamute. Confira a tradução de um trecho da letra:
Eu sou Vulgaris Magistralis
Eu ando por aí montado em um
mamute
Eu cozinho meu rango em um vulcão
ativo
Um dinossauro eu chamo de
"meio-galo"
Odin e Thor são meus primos
distantes
Mas eu não os tenho visto por
séculos
Vagueio pela noite
Caçando no escuro
Eu sou Vulgaris Magistralis
Eu ando por aí montado em um
mamute
Eu sou Vulgaris Magistralis
E no domingo em um mastodonte
A versão do Heidevolk para a canção deu mais velocidade e um peso maior,
mais heavy metal. É uma música muito divertida que certamente estará na setlist
da banda nas apresentações por aqui!
Discografia por ano:
2004 – Het Gelders Volkslied
2005 – De strijdlust is geboren
2007 – Wodan heerst (EP)
2008 – Walhalla wacht
2010 – Uit oude grond
2012 – Batavi
2015 – Velua
Nos vemos nos shows!
Site oficial da banda:
Veja também aqui no Cena Medieval:
Odin’s Krieger Heathen Edition – Curitiba: A primeira apresentação do
Heidevolk no Brasil, com abertura de duas ótimas bandas nacionais
Odin’s Krieger Heathen Edition – São Paulo: A segunda apresentação do
Heidevolk, e mais quatro grandes nomes da música folk brasileira!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe o seu comentário sobre este artigo