Grüße, Freunde! (*Saudações, amigos!*)
O artigo de hoje é sobre a banda alemã Faun, e seu estilo que mistura
música moderna com folk antigo, medieval, celta e nórdico.
A seção de bandas do Cena Medieval foi originalmente criada para
falar apenas de grupos musicais brasileiros. Contudo, tendo em vista as
importantes apresentações internacionais que teremos agora no fim do ano,
decidi abrir exceções, e a primeira delas é a Faun, que fará duas apresentações no Brasil neste final de semana,
em São Paulo/SP e Osasco/SP.
Ainda não sabia das apresentações da Faun? Veja aqui nosso post completo
sobre os dois shows, que são uma edição especial do evento Folk Fair.
A Faun foi formada na Alemanha em 2002 e desde então teve algumas alterações
em sua formação. Dos seis músicos que compõem a banda atualmente, apenas dois
estão presentes desde o início: Oliver S. Tyr e Fiona Rüggeberg. Rüdiger Maul e
Niel Mitra entraram em 2004, Stephan Groth em 2012 e Katja Moslehner em 2013. A
maioria dos membros toca mais de um instrumento, trazendo uma diversidade
grande à sonoridade da banda.
Desde a formação já foram lançados 9 álbuns de estúdio e a banda já foi nomeada
três vezes para o Echo, que é o maior
prêmio musical na Alemanha. Em suas turnês, a banda tem feito diferentes tipos
de apresentação: desde concertos acústicos em teatros para públicos sentados
até grandes apresentações em festivais, com grandes tambores e shows de luzes
(do tipo que provavelmente farão por aqui).
A parte mais complicada em falar sobre a Faun é definir o estilo,
primeiro porque a sonoridade da banda mudou bastante ao longo do tempo e também
porque eles próprios relutam em se encaixar num rótulo, dado o grande caldeirão
de influências que mencionei no primeiro parágrafo do texto. Uma classificação
frequentemente atribuída a eles é o Pagan
Folk. Vou falar um pouco disso, mas antes, falar da Faun é uma oportunidade
para uma reflexão interessante sobre o cenário musical folk em si:
Música Folk
A música folk é aquela que tem alguma relação com a tradição de uma
determinada cultura, como quando se utiliza de instrumentos tradicionais ou
fala de lendas e costumes de um povo. É bem verdade que o interesse pela música
folk europeia sempre manifestou interesse de alguns no Brasil (haja vista a
existência do Tuatha de Danann desde 1994), o que não é surpresa, dada a grande
influência de diversos povos europeus na formação de nossa cultura. Mas até há
pouco tempo ainda não havia um público expressivo para a música folk europeia.
O folk metal (mistura de música folk com heavy metal) de certa forma
abriu o caminho para a música folk europeia, e o meio medieval (grupos e
eventos) que surgiu no Brasil nos últimos 10 anos (mais ou menos) acabou
constituindo um público tanto para as bandas de folk metal quanto para os
grupos de música folk mais tradicional, de forma que hoje o público dos eventos
medievais, da música folk, do folk metal (e de algumas outras vertentes do
metal também) se confunde bastante.
A Faun é um dos mais reconhecidos nomes da música folk na Europa. Com
efeito, o Taberna Folk, a banda mais conhecida no meio medieval brasileiro,
cita a Faun como uma de suas influências. A ideia da Faun vindo para o Brasil
há dez anos era algo quase inimaginável, mas hoje é possível graças a esse
público que se formou.
O estilo Pagan Folk da Faun
Numa entrevista (link), Oliver, o líder da banda, disse:
“Nós ainda não decidimos como
chamar nosso estilo. Algumas vezes nós chamamos de folk pagão, algumas vezes de
folk celta, escandinavo, nórdico, ou apenas chamamos de música medieval. Nós
misturamos todas essas influências em nossas apresentações e CDs.”
A expressão “Pagan Folk” era
inicialmente usada para definir a banda apenas em shows amplificados (talvez
porque o público já tivesse como referência o Folk Metal, que frequentemente já
se utilizada de temáticas pagãs), mas acabou sendo bastante utilizada pelos fãs
e eventualmente passou a ser utilizada pela própria banda para definir seu som.
Parece ser uma classificação adequada, já que eles inquestionavelmente fazem um
som folk, e ao mesmo tempo recorrem a temáticas pagãs em boa parte de suas
letras.
O próprio nome da banda vem da criatura Fauno, presente na mitologia
greco-romana. De acordo com a banda, a figura do Fauno, como chamado pelos
romanos, ou Sátiro, como chamado pelos gregos, é frequentemente descrita como
um espírito da floresta, o que serve para denotar a conexão dos músicos com a
natureza.
As canções vão desde baladas melancólicas até músicas animadas e
dançantes. Os instrumentos utilizados incluem a harpa celta, a viela de roda, a nickelharpa, a
gaita de foles, o cistre, flautas, percussões, entre outros.
Para ter uma ideia da temática, veja este trecho traduzido da letra de Mit dem Wind (do álbum Von den Elben, de 2013), uma das melhores músicas da banda:
“O inverno nos manteve aqui por muito tempo, o
mundo nos cobriu de neve
O país estava quieto, as noites longas, o
caminho para você tão distante
Mas finalmente a vida retornou à nossa terra
Você me encontrou hoje no primeiro verde e me
pegou pela mão.
Vamos voar com o vento, para onde quer que ele
nos leve,
Dúvidas desaparecerão na fumaça, porque você está
aqui
Vamos e nós seremos finalmente livres como o
vento,
Como os pássaros nós voamos, longe sobre o mar”
Discografia, por ano:
2002 – Zaubersprüche
2004 – Licht
2005 – Renaissance
2007 – Totem
2009 – Buch der Balladen
2011 – Eden
2012 – Von den Elben
2014 – Luna
2016 – Midgard
Ansiosos para os shows da Faun? Nos vemos por lá!
Veja também aqui no Cena Medieval:
Folk Fair Especial: A banda Faun pela primeira vez no Brasil, nosso post
com informações sobre os dois dias de show
Taberna Folk, nosso artigo contando um pouco da trajetória da maior
banda de música folk europeia no Brasil, que fará a abertura dos dois shows da
Faun!
amigo, desde 2015 eu conheço a banda faun e acabei me encantando e me apaixonando pela banda, infelizmente nao consegui assistir ao show deles em São Paulo, porém acredito ter sido um grande sucesso!
ResponderExcluirPS: o seu blog eh excelente e continue com o trabalho!
abraços!