Salve, amigos!
Neste final de semana nós do Cena Medieval fizemos algo que queríamos há
muito tempo: visitamos a Milord Taverna,
em Campinas.
O surgimento de um local como a Milord é uma evidência de que o
medievalismo está crescendo e ganhando adeptos no Brasil. E como os leitores
aqui do blog sabem, nosso objetivo principal é justamente concentrar
informações sobre tudo que se relaciona ao medievalismo no país, então não
poderíamos deixar de visitar e falar sobre a experiência.
Como surgiu a Milord Taverna
A casa foi inaugurada em 29 de janeiro deste ano para a imprensa, e no
dia 30 para o público.
Alexandro Matos participou da organização
da Feira Medieval de Campinas que aconteceu em novembro de 2013, e ali
visualizou uma oportunidade num nicho com uma demanda ainda não atendida: o
público medievalista. Com efeito, embora já houvesse alguns eventos de temática
medieval pelo país, ainda não existia nenhuma taverna medieval.
Dessa forma, a ideia veio em 2014, e a partir dali Alex e Marcio
Ruggiero, o investidor, começaram a pesquisa de mercado e a busca por um
imóvel adequado, e acabaram encontrando um imóvel centenário ideal para o
projeto. As reformas começaram em agosto de 2015, para que a casa pudesse ser
aberta em janeiro.
Na parte da pesquisa histórica, a dupla teve apoio de várias pessoas
envolvidas com o meio, mas especialmente do amigo e colaborador Dimas Moro
Junior, membro do clã Barn Av Einhenjar de esgrima medieval e HEMA, também de
Campinas.
A experiência
Ao entrar na taverna, já somos recebidos numa recepção caracterizada, e
todos são tratados por Milord ou Milady. A decoração da entrada é cheia de
elementos que já remetem à Idade Média.
Mas a imersão de verdade começa no salão: você desce um lance de escadas
para um nível mais baixo, amplo e com uma iluminação suave, vinda dos lustres e
das lanternas em cada mesa de madeira rústica. Nas paredes, detalhes como armas
e bandeiras com brasões nobiliárquicos.
Os atendentes estão todos caracterizados com vestes típicas.
A Milord também incentiva que o público frequente a casa caracterizado,
mas não é obrigatório. No sábado, quando estivemos lá, nós do Cena Medieval éramos
os únicos com roupas típicas – o resto do pessoal estava curtindo uma
experiência medieval em seus confortáveis trajes modernos.
Assim como a decoração, o cardápio foi elaborado com pesquisa histórica,
mas algumas concessões obviamente são feitas, pois nem todo mundo faz tanta
questão de historicidade, e a casa precisa ser democrática com o público. As
batatas, por exemplo, são um alimento do chamado Novo Mundo, ou seja, não eram
sequer conhecidas na Europa Medieval. Mas dá pra imaginar um bar sem batata
frita hoje em dia? A mesma observação vale para o milho e o tomate.
Além disso, o cardápio dispõe de opções veganas. O conceito de veganismo
também não existia na Europa medieval, mas o público vegano é devidamente
contemplado.
Por outro lado, o pão era a base da alimentação medieval, especialmente
entre os camponeses, e a Milord faz questão de produzir os próprios pães.
A cerveja não é produzida lá, como possivelmente aconteceria numa
taverna medieval, mas as marcas Cevada Pura, Adega Galvão e Bee Gold elaboraram,
respectivamente, versões exclusivas de cerveja, vinho e hidromel, especialmente
para a Milord Taverna.
As atrações musicais também são selecionadas de modo a colaborar na
imersão. No sábado, assistimos a apresentação da banda Rebels & Sinners,
especializada em música irlandesa. No entanto, aqui fica minha única crítica à casa: a acústica não é das melhores; quando a banda começava a tocar, ficava bem difícil conversar no salão.
O que pedimos
Chegamos com a fome de um camponês depois de um dia de trabalho no
campo! Pra começar, as cervejas: pedimos um de cada dos chopes disponíveis,
exceto o escuro, que (muito) infelizmente não estava disponível no dia.
Amber Ale, variação da marca
Cevada Pura feita para a Milord – caneca 400ml (R$12,00)
“Chope cujos maltes são
submetidos a um processo similar ao da caramelização, que deixa notas
adocicadas no paladar. Harmoniza com frituras, carnes vermelhas e apimentados.”
Pilsen, marca Cevada Pura (chope
claro) – caneca 400ml (R$12,00)
“Chope encorpado, porém suave,
ideal para acompanhar petiscos de carnes e queijos e pratos condimentados.”
Indian Pale Ale (IPA), marca
Cevada Pura – caneca 400ml (R$12,00)
“Chope com o lúpulo como
principal componente, essencial para conservar a bebida nas longas viagens
entre Inglaterra e Índia, tem o sabor bem intenso e amargo, perfeito para
acompanhar comidas apimentadas ou condimentadas.”
Weiss, Cevada Pura (chope de trigo)
– caneca 400ml (R$12,00)
“Tendo como principal ingrediente
o malte de trigo, o chope Weiss (ou Weizen) é frequentemente descrito como “pão
líquido” devido a ele. Menos amarga que as outras ales, combina bem com queijos
e petiscos apimentados.”
Javali Assado (R$ 116,00)
“Acompanha salada camponesa, purê
de batatas inglês e milhos cozido. Opcionais: ovos fritos e pão
artesana Milord Taverna. Escolha seu molho: pera OU
hortelã.”
Segundo o garçom, o molho de pêra é bem suave, então preferimos o de
hortelã e foi uma boa pedida. Não é cobrado valor adicional pelos opcionais. O cardápio informa que o prato serve duas ou
três pessoas. Como estávamos em 4, pra garantir, pedimos também uma entrada:
Frikadeller (R$ 19,00)
“8 tradicionais almôndegas
achatadas dinamarquesas, feitas de carne bovina e suína no molho de cerveja,
mais geléia de pimenta e acompanhadas de Batata Milord.”
Hidromel – Moringa 600ml (R$
42,00)
Como dissemos, o hidromel da Milord é uma versão especial para a casa
feita pela marca Bee Gold, de Sorocaba. Detalhe: pedir a moringa tem um
custo-benefício bem melhor do que o copo de 150ml, que sairia por R$15,00.
Ficamos bastante tempo por lá, então mais para o fim da noite bateu
aquela fome de novo e, aproveitando que o horário de funcionamento da cozinha
se prolongou um pouco, pedimos mais um prato:
Smorgasbord (R$ 20,00)
“Versão Milord Taverna da famosa
refeição sueca de costela bovina desfiada com cebolas e 4 fatias de pão
artesanal Milord Taverna cobertas com crosta de pesto.”
O smorgasbord, além de delicioso, tem um ótimo custo benefício, pela
quantidade que é servida. Recomendo para os mais esfomeados!
Ressaltamos o que dissemos acima: os pratos foram elaborados a partir de
pesquisa histórica, mas com várias concessões modernas, como a inclusão de
milho, batata e tomate, que não eram conhecidos na Idade Média europeia. Se você fizer
questão de uma imersão ainda maior, coma apenas pão como acompanhamento para a
carne. Mas se você for ver, a maior parte da população também não comia carne de
javali – este prazer era reservado apenas aos nobres, e as tavernas eram um
local para todos.
E há ainda várias outras opções interessantes do cardápio (na minha
próxima visita, provavelmente vou de joelho de porco assado!).
Como estávamos em 4 pessoas na mesa, e considerando o couvert artístico
de $10 por cabeça, toda essa parte deu R$
61,25 por pessoa – um valor razoável para comer e beber bem, fazendo
uma refeição exótica e imersiva, ainda mais considerado que ficamos na casa das
18h00 às 02h00.
Pedimos algumas cervejas normais e refrigerantes também, mas não
considerei nessa conta.
Antes que perguntem, o ambiente é medieval, mas a taverna aceita
pagamentos em dinheiro e cartões de débito e crédito (Visa, Master Card,
Dinners Club, Elo e American Express), mas não trabalha com cheques. ;)
Enfim, a experiência foi fantástica, recomendo tanto aos entusiastas e
frequentadores de eventos medievais quanto àqueles que estão apenas curiosos e
querem ver como é. O público por enquanto tem sido uma mistura de entusiastas e
curiosos, mas a casa já começou a fidelizar clientes, e certamente passará a
ser uma referência em termos de medievalismo no país.
Outras informações
Endereço: R. Sacramento, 367, Campinas, SP
Nós chegamos cedo e conseguimos parar o carro na rua mesmo, bem próximo
da entrada, mas a Milord também dispõe de serviço de valet – R$ 20,00.
Horários de funcionamento:
3ª a 5ª e domingo das 18h à meia-noite (a cozinha encerra às 22h e o bar
às 22h30)
6ª e sábado das 18h às 2h (a cozinha à
la carte encerra à meia noite, as porções e petiscos encerram à 1h e o bar
à 1h30)
Telefone para reservas: (19) 3308-2014
A casa não faz reservas aos sábados! (atendimento feito por ordem de
chegada)
Página da Milord Taverna no facebook:
https://www.facebook.com/milordtaverna
Por fim, se você estiver indo de São Paulo, como nós, se prepare para a
facada do pedágio: R$ 32,00 (16 na ída e mais 16 na volta), indo pela
Bandeirantes.
Informação extra: Quartas-feiras de RPG
Se você já jogou Dungeons & Dragons ou qualquer outro sistema de RPG
medieval, sabe que as tavernas são pontos chave de qualquer cenário (e muitas
vezes, o local dentro do jogo onde os personagens aventureiros se conhecem e a quest começa).
Mas já pensou na imersão de jogar numa taverna de verdade?
Nas quartas-feiras, das 19h às 22h, acontecem partidas one-shot promovidas pela própria Milord,
com três mestres à disposição, tanto para jogadores iniciantes quanto para
experientes.
A casa também incentiva que narradores levem seus grupos já existentes
para fazer uma partida por lá. Não é necessário fazer qualquer tipo de
cadastro, basta chegar e jogar. A reserva da mesa também não é obrigatória, mas
é recomendável.
O valor da entrada para quem for jogar é de R$ 5,00 e as comandas de
consumo são individuais.
Num futuro próximo, tentarei levar um dos meus grupos de RPG para fazer
uma partida especial por lá! Se conseguir fazer isso, farei um post especial
aqui no blog, contando como foi a experiência.
Fotos por Renata Saito
Já esteve na Milord? Comente aqui o que achou da casa!
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